Pilares da vida espiritual

Pelo menos 4 vezes encontramos na Bíblia a frase: “O justo viverá pela fé” (Hab 2,4; Rm 1,17; Gl 3,11; Hb 10,38-39). Além dessa frase especifica há um montante enorme de afirmações de que a vida cristã é uma experiência de vida pela fé. Uma vida amparada por fundamentos bíblicos que precisam ser conhecidos, compreendidos e obedecidos. Vida essa que tem seu evento inaugural na salvação pela graça, mediante a fé em Cristo.

Para que essa vida seja vivida é preciso dedicação diária. Existem alguns pilares muitos importantes, sem os quais a vida cristã desmorona. Vamos ver quais são três desses pilares, o que aconteceu com eles a longo do tempo e o que precisa ser feito para que os cristãos vivam pela fé.

1ª parte: devoção ou comunhão individual

Devoção significa: apego sincero e fervoroso a Deus sob forma exercícios espirituais regulares individuais ou em grupo; 

Um importante ponto do calvinismo fala sobre o sacerdócio universal de todos os crentes. Isso quer dizer que todos e todas que são salvos por Cristo tem livre acesso à pessoa de Deus sem que seja necessário mediadores para essa comunhão.

Existem muitos versículos que amparam a doutrina universal de todos os crentes. Mas, quero ilustrá-la com a pessoa mais importante que existe. Jesus tinha vida de comunhão individual. Vejamos o que Mateus fala: “Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho” (Mt 14,23). Bem, penso que o simples fato de Jesus entendia dar importância à devoção individual, tentar defender extensamente essa necessidade se faz desnecessário.

Se Cristo entendia que deveria ter momentos sozinho com Deus, imaginemos o quanto cada um de nós precisa disso. Se o Filho eterno de Deus se retirava para orar, penso que nós não deveriamos abrir mão dessa devoção em nenhuma hipótese. Afinal de contas esse é um dos pilares da espiritualidade cristã.

2ª devoção em família

Um segundo pilar da espiritualidade cristã é a comunhão em família. Há uma ordenança bem especifica e direta sobre esse assunto. Vejamos em Deuteronômio: 18 — Ponham estas minhas palavras no seu coração e na sua alma. Amarrem-nas como sinal na mão, para que sejam por frontal entre os olhos. 19 Ensinem essas palavras aos seus filhos, falando delas quando estiverem sentados em casa, andando pelo caminho, quando se deitarem e quando se levantarem. (Dt 11-18-19). Quando entendemos que esse é o nosso dever, o culto doméstico se torna, não somente um dever a ser cumprido, mas uma grande ferramenta no discipulado familiar.

A devoção em família vai muito além de ser uma escola da Bíblia para a família. É também, mais uma oportunidade de desenvolvermos nossa espiritualidade. Sempre quando nos dispomos à comunhão com Deus, por mais simples que seja em forma e linguagem a ação do Espírito Santo edifica e transforma nossas vidas. Dessa maneira a devoção familiar também é um dos pilares da espiritualidade da qual também não deveríamos abrir mão.

3ª parte: devoção comunitária Um terceiro pilar da espiritualidade é a devoção comunitária, que mais comumente chamamos de culto comunitário ou culto de adoração. É quando os crentes com suas famílias ou individualmente se reúnem para prestarem culto de adoração

à Deus. Sobre esse tipo de comunhão com Deus e uns com os outros podemos encontrar dezenas de referências na Bíblia.

Em hebreus podemos ler: 23 Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. 24 Cuidemos também de nos animar uns aos outros no amor e na prática de boas obras. 25 Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns. Pelo contrário, façamos admoestações, ainda mais agora que vocês veem que o Dia se aproxima. (Hb 10,23-25).

A devoção comunitária, que hoje ficou sendo a principal atividade de espiritualidade, tanto quanto a individual e a familiar também é uma poderosa ferramenta de construção da nossa vida espiritual. A três devem caminhar juntas, pois são pilares da nossa espiritualidade.

4ª parte: O que aconteceu ao longo do tempo?

Ao longo do tempo, a cristandade foi abandonando a devoção individual e familiar. O crentes usam todo tipo de argumento para defender esse abandono. Falta de paciência, falta de disciplina, falta de tempo, falta de condições favoráveis, que nossos tempos não tem mais necessidades dessas práticas, que são práticas ultrapassadas.

Claro que todos temos as melhores explicações para nossas respostas. O problema é que ter respostas para essas perguntas, não eliminam o resultado dessas escolhas.

5ª parte: O resultado Como a maioria das pessoas abandonou a comunhão individual e familiar, sobrou apenas a devoção comunitária, ou seja, sobrou apenas o culto. O problema é que a pandemia, que nos obrigou a ficar isolados em casa, retirou de nós o culto de

adoração presencial. Glória a Deus, que pudemos diminuir um pouco desse prejuízo com os cultos e estudos online. Não ficamos completamente sem alimentos, mas falta-nos a proximidade física que é algo essencial em vida comunitária. O que infelizmente aconteceu com boa parte dos crentes? Tiveram suas vidas espirituais, completamente desmoronadas.

E, existe algo agravante para muitas pessoas. Elas já vinham de um tempo com suas vidas emocionais extremamente fragilizadas. Quando somamos nossas vidas emocionais fragilizadas com nossas vidas espirituais desmoronadas, o resultado foi que ficamos muito abatidos. Muitos cristãos estão profundamente entristecidos e muitos outros doentes.

O isolamento não foi o único causador disso tudo. Talvez tenha sido a última peça que faltava para completar o quebra-cabeças. Mas, o restante das peças já estavam colocadas, esperando a que faltava, para revelar completamente o quadro.

A solução

O quadro pode ser triste. Mas, ainda há tempo de buscarmos ao Senhor. O Senhor ainda pode ser encontrado. Deus em Cristo, repinta os quadros da nossa vida. Nenhum quadro triste, precisa ser definitivo em nenhuma vida. Em Cristo temos uma nova oportunidade para a vida. Não importa se o novo quadro começara a ser pintado hoje ou se é um quadro que precisa ser restaurado. Em Cristo há esperança para todos. Cristo veio para que tivéssemos vida e, muita vida. Quando Paulo escreveu sobre isso, não estava falando apenas sobre um coração batendo. Não estava pensando em viver muitos anos. Estava falando sobre a

intensidade do viver. Estava falando sobre saúde física, emocional e espiritual.

Porém, não conseguiremos isso, continuando a tomar os mesmo caminhos que nos trouxeram até aqui. Precisamos andar pelos caminhos de Deus. Precisamos de fato ser os justos e justas que vivem pela fé.

Precisamos retomar os pilares da vida espiritual que são essencialmente importantes. Infelizmente, nos esquecemos tanto de sua importância que passamos a acreditar que são dispensáveis. Porém, nesses tempos, Deus vem provando que que os pilares que Ele estabeleceu são eternos e que não devem ser ignorados.

Vida de Devoção individual, devoção familiar e devoção comunitária são os pilares que Deus estabeleceu para vivermos pela fé em Cristo Jesus. Em nome de Jesus. Amém.